nobelVocê certamente já ouviu falar do Prêmio Nobel da Paz, certo? É um reconhecimento concedido a personalidades que contribuíram de maneira notória para uma maior ou melhor ação pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz. Este é, pelo menos, o conceito reforçado pelo idealizador do prêmio, curiosamente o inventor do dinamite, o sueco Alfred Nobel. Causou espanto para muitos observadores deste prêmio em todo o mundo a recente indicação do presidente norte-americano Barack Obama para receber a distinção.

               É curioso mesmo, já que o prazo final para indicação do prêmio ocorreu em fevereiro, quando Obama estava há apenas 12 dias na presidência dos Estados Unidos da América. Além disso, só para efeitos de exemplo, o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, que ficou notoriamente conhecido por se envolver em causas humanitárias e a favor dos direitos humanos durante todo seu mandato, só recebeu o Nobel da Paz quase 20 anos depois de estar à frente do poder.

               Toda essa pressa, em relação à laureação do presidente Obama, pode nos fazer pensar que o conceito de paz, para os organismos mundiais, para os países ricos, para os grandes e influentes governos, talvez para as pessoas em geral, não seja exatamente o conceito bíblico. Mas o que é promover a paz para Deus? Que aspectos estão ligados a essa pequena palavra de apenas três letras?

               Em primeiro lugar, a Bíblia esclarece que só há paz verdadeira, na vida do ser humano, se ele estiver ligado a Deus, ao Senhor. Em Salmos 4:8, é afirmado que “em paz me deitarei e dormirei, pois só tu, ó Senhor, me fazes habitar em segurança”. Neste verso, é possível entender que não há uma paz produzida individualmente através de ações políticas, quem sabe de ordem diplomática, mas a paz tem relação direta com a presença de Deus no cotidiano das pessoas, com essa aproximação entre o Criador e a criatura.

               Dentro desta mesma linha de raciocínio, Jesus amplia a ideia e afirma que “deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou. Não vo-la dou, como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. (João 14:27). A paz oferecida por Cristo às pessoas neste mundo, tanto enquanto aqui esteve presente, quanto agora quando intercede por nós (I Timóteo 2:5), é uma paz diferenciada. E Ele mesmo diz que é uma diferença referente ao que o mundo oferece. E aqui a expressão mundo se refere à opinião geral, ao consenso da maioria que nem sempre é o melhor. Ou seja, a paz do mundo não é a de Deus. Não são iguais em essência.

               Mas Cristo foi mais além e disse, conforme João 16:33, que “disse-vos estas coisas para que em mim tenhais paz. No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo”. Novamente, a paz está intimamente ligada a Cristo, a Deus, e surge outro aspecto importante. A paz não é necessariamente a ausência de conflitos, de problemas, de dissabores, de guerras internas ou externas. É a capacidade de enfrentá-las, de mostrar ânimo mesmo frente a vicissitudes, a percalços e situações de crise. Obviamente quem dá o suporte nestes momentos é Deus a quem as pessoas se apegam e obtêm realmente paz.

               Cada vez que vejo uma notícia sobre acordos de paz no Oriente Médio, em países envoltos em guerrilhas étnicas, decisões mundiais para combate ao terrorismo, enfim, toda a movimentação planetária em torno do assunto, não consigo enxergar soluções eficazes nisso. Afinal de contas, o planeta continua mais violento do que nunca, imoral, sem regras, sem limites, preocupado em ter e não em ser.

               E, então, a paz de Deus figura como algo realmente inovador. Não é uma paz proclamada em reuniões a portas fechadas em algum escritório de um chefe de Estado engravatado. É uma paz disponível 24 horas por dia para quem desejar tê-la, viver com ela e transmiti-la aos que estão ao redor. Não é uma paz por atacado, em que subitamente nações inteiras passam a dar as mãos como se fossem antigos amigos somente porque um pedaço de papel assinala isso. É uma paz que cada pessoa pode sentir individualmente em sua experiência própria com Deus, ainda que sofra doenças, perseguições, injustiças, difamações. É a possibilidade real de agradecer ao Senhor por tudo apesar de tudo não ser exatamente como gostaríamos que fosse. Não é inexistência de guerras, mas é força para sobreviver às guerras.

               O apóstolo Paulo resume esse aspecto, ao dizer que “e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus”. (Filipenses 4:7). A paz de Deus supera a compreensão humana. Produz mudanças, só que mudanças individuais, provavelmente não globais como alguns podem supor. Mas é muito mais eficaz. A paz que alguém sente proveniente de Deus é capaz de fazer a diferença total no seu ambiente de trabalho, na sua família, entre os amigos, entre as pessoas que a rodeiam. É uma multiplicação silenciosa, sem o alarde da pompa de uma entrega do prêmio Nobel, mas cujos efeitos são duradouros e sólidos. Essa paz não se resume a um prêmio dado por homens. É fruto de um prêmio maior que Deus espera dar aos que se  mantêm fiéis a Ele durante a eternidade.

 

Felipe Lemos, jornalista, blogueiro e twitteiro.


Felipe Lemos
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