441.         Nossos valores

 

1.1 Pai, quanto custa?

 Um dia, Pedro foi se queixar com a mãe:

– Por que meu pai não brinca comigo?

– Seu pai é um homem muito ocupado, o tempo dele é muito precioso – respondeu ela. A criança foi para o quarto, muito pensativa. Pegou o cofrinho e foi contar quanto havia economizado de sua mesada. Adormeceu, chorando de saudade do pai.

Mais tarde, ele acordou com a chegada do Sr. Rafael e correu para encontrá-lo:

– Papai, é verdade que o seu tempo é muito precioso?

– É verdade – disse, desviando o olhar do filho.

– Quanto custa uma hora do seu tempo? – O Sr. Rafael disse que não sabia. O pequeno Pedro insistiu para obter uma resposta até que o pai perdeu a paciência e brigou com ele. Com medo, voltou para o quarto.

Depois que esfriou a cabeça, o Sr. Rafael refletiu sobre a maneira como havia tratado o pequeno e foi até o quarto do filho. Como viu que o garoto ainda estava acordado, o pai tenta um diálogo:

– Você ainda quer saber quanto eu ganho por hora?

O menino balançou a cabeça afirmando que sim.

O pai estufou o peito e suspirou fundo. Parecia que a atmosfera do quarto trazia-lhe o ar da satisfação, de enfim dizer ao seu filho o valor do pai que ele tinha.

– Eu ganho 300 reais por hora.

O menino levou um susto, mas animou-se o suficiente para pedir:

– O senhor pode me emprestar 100 reais?

Para continuar impressionando o filho, o pai entregou-lhe o dinheiro. Curioso, perguntou:

– Posso saber pra quê?

O garoto puxou um bolo de notinhas enroladas, de debaixo do travesseiro.

– Eu já consegui juntar 200 reais, mais estes 100 que o senhor me emprestou, dá 300. Agora o senhor pode me vender uma hora do seu tempo, pra brincar comigo?

 

1.2 Vigas e colunas, sem base

 Ao longo deste curso, descobrimos coisas indispensáveis para que a estrutura de um lar feliz seja formada. Mas o que seria de uma casa com todas as suas colunas e vigas fortemente amarradas, sem um alicerce que as apoiasse? Seria o mesmo que construir sobre a areia movediça. Cristo falou de “um homem sem juízo que construiu a sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, e o vento soprou com força contra aquela casa. Ela caiu e ficou totalmente destruída” (Mateus 7:26-27 – NTLH). Será que muitos lares hoje também não estão fora dos princípios básicos da engenharia familiar?

O seu lar não pode se transformar em ruínas. Mas “se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam” (Salmo 127:1 – RA). Deus deve ser a base do lar porque Ele é o Criador da família (Gênesis 2:18-24). Ele sabe o que você e os seus queridos precisam fazer para que o lar sobreviva num mundo de desgraças. Jesus quer ser o fundamento da vida familiar (1Coríntios 10:4; Atos 4:11).

Você acha que um lar feliz é uma utopia? Então pense: “O que é mais importante para você?” Gastamos mais tempo preocupados em adquirir coisas ou em preservar o relacionamento com as pessoas? Numa sociedade capitalista, somos pré-dispostos a inverter a nossa própria escala de valores. Isto acontece a tal ponto que a realidade do quadro a seguir se justifica justamente no fato de que somos tentados a negá-lo:

 

O que consideramos mais importante O que deveria ser mais importante
1º: Bens materiais 1º: Deus
2º: Pessoas – relacionamentos 2º: Pessoas – relacionamentos
3º: Deus 3º: Bens materiais

 

2.         Mais um integrante na família

 Ao nos referirmos a “Jesus”, “Senhor”, “Pai do Céu”, usamos nomes próprios e pronomes pessoais. É lógico: Deus é um ser pessoal. Os extremos das civilizações costumam querer transformar Deus em uma ideologia ou uma coisa. Mas não é nada disso! Nem filosofia nem idolatria, mas relacionamento. E com um ser, se relaciona.

Agora, como é que nos relacionamos com um ser? Como acontece um bom relacionamento entre namorados? Você fala, se dá a conhecer, se expressa, ouve, conhece a outra pessoa, enfim, vocês gastam um bom tempo juntos, enfocados na pessoa e nos seus valores. É assim que Jesus quer estar no lar: como um dos integrantes da família.

Apesar de ser invisível, para que este personagem realmente conviva com os membros da família, existem algumas formas de nos relacionarmos com Ele.

 

2.1 Leitura da Bíblia

 A fonte de informações seguras sobre a pessoa de Deus é a Bíblia. Ela é a carta de Deus aos homens e, no momento em que a estudamos, Ele está falando ao nosso coração. O estudo da Bíblia precisa ocorrer de duas formas:

 Individual

 A Bíblia é o único livro do mundo que transforma o caráter do ser humano, a partir de sua leitura (2Timóteo 3:14-17). Quanto mais íntimo você fica de Deus, mais você tem condições de ser um bom cônjuge, pai, mãe, filho, filha ou irmão.

            Não existe bom relacionamento sem convivência. Portanto, o hábito de leitura da Bíblia precisa fazer parte da sua rotina com Deus. Separe um lugar especial para falar com Deus todas as manhãs: “De manhã ouves, SENHOR, o meu clamor; de manhã te apresento a minha oração e aguardo com esperança” (Salmo 5:3).

 Em família

 Numa família onde todos têm o hábito de ler a Bíblia, não há nada mais enriquecedor e contagiante do que se reunirem para “colocar o papo em dia”. Se você reunir a sua família, como um pequeno grupo para, juntos, estudarem a Bíblia, na realidade, vocês estarão se reunindo ao redor do grande Mestre (Mateus 18:20). Como Ele é o elo que une os relacionamentos, vocês estarão ligando-se um ao coração do outro.

 2.2 Oração

 Esta é a vez de nós falarmos e Deus ouvir. Orar é abrir o coração a Deus como a um amigo. Por que deveriam os filhos e filhas de Deus ser tão relutantes em orar, quando a oração é a chave nas mãos da fé para abrir os depósitos do Céu, onde estão armazenados os ilimitados recursos da Onipotência?

Da mesma forma que o estudo da Bíblia, a oração no lar deve acontecer em dois estágios diferentes: individual e coletivamente. Orem juntos antes de saírem de casa ou de fazerem uma viagem, ao chegarem num destino, quando tiverem que tomar decisões, antes de uma atividade importante, etc. Mas sempre tenha o seu ponto de encontro especial com Deus para a oração particular.

 2.3 Mais alguns hábitos indispensáveis

 Um conselho divino é:

 Ame o SENHOR, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões (Deuteronômio 6:8-9).

 Este texto diz que Deus deve fazer parte de todos os interesses da família. Isto é andar com Deus (Gênesis 5:22).

Nas refeições – Sempre que for possível, juntem todos os que estiverem presentes para darem início à refeição, por mais simples que ela seja. Orem juntos agradecendo a Deus pelo “pão nosso de cada dia”, e peçam-Lhe que abençoe o alimento. Ensine as crianças a, sempre que forem comer algo, dirigir uma pequena prece a Deus.

Antes de dormir – Nunca deixe que seu filho vá para a cama sem falar com Deus. Ao colocá-lo para dormir, tenha o hábito de contar uma história bíblica para ele. Ore você também antes de dormir.

No entretenimento – Ensine ao seu filho o hábito de sempre assistir a desenhos animados bíblicos, filmes e canais cristãos. Livros bíblicos próprios para a idade, CDs, rádios e sites cristãos, brinquedos temáticos bíblicos; tudo isso contribui para um crescimento espiritual saudável. Assim, os heróis do mundo de fantasias do seu filho serão os personagens bíblicos. Isto terá uma influência direta em sua vida adulta (Provérbios 22:6).

Diariamente – Façam o culto familiar. Não deve ser longo. Cantem uma pequena canção que fale de Deus, leiam um pequeno texto da Bíblia e façam uma oração juntos.

Semanalmente – Como ponto alto na agenda da família, tenham o hábito de saírem juntos para adorar o Criador e aprender sobre Ele. Se você tiver cultivado todos os hábitos anteriores, esse passeio será o máximo para os seus filhos. Jesus e os apóstolos tinham esse costume semanal (Lucas 4:16; Atos 17:2).

Pense bem: quando o Senhor deu o sábado como um dia santo para a humanidade, ainda não havia pecado, isto é, não havia cansaço (Gênesis 2:1-3). Portanto, muito mais do que para descansar, o sábado é um dia para a família fortalecer os seus laços de relacionamento entre si, com os amigos e com o Criador (Êxodo 20:8-11; Hebreus 4; Isaías 66:22-23).

Peça sabedoria a Deus para você saber fazer com que os seus queridos sintam a presença de Jesus constantemente ao seu lado.

 3.         Coerência na vida prática

 Não se deve ter dois jeitos de ser: um dentro e outro fora do lar. Tem gente que, quando está fora de casa, quer demonstrar que tem virtude e classe, mas, é claro, em casa, não consegue ficar com a máscara. Não adianta se preocupar somente com os bons modos sociais. É dentro do lar que os filhos observam os pais. São modelos que serão seguidos, quer sejam bons ou maus.

O perfil de cristianismo dos filhos é moldado pelas influências do lar. As crianças precisam ver coerência entre o que os pais pregam e vivem, caso contrário, serão cristãos só de fachada. É na maneira de tratar o cônjuge, de disciplinar os filhos, e de se relacionar com os vizinhos e com Deus que os pais dão aos filhos um modelo a ser seguido.

 

 Conclusão

 O resultado de um lar em que Deus ocupa o primeiro lugar é uma convivência familiar harmônica. Quando os pais, amigavelmente, dão lições práticas e prazerosas aos filhos, de como seguir a Jesus, reina um clima de amor e compreensão e os filhos se tornam pessoas honradas e cumpridoras dos deveres. Esta é a base para uma sociedade estável.

 

Leia mais sobre o que estudamos em:

 

Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes. Ellen G. White, Editora Casa Publicadora Brasileira

Palavras do Coração. Deise Reis, Editora Sobretudo

Poder do Amor. Deise Reis, Editora Sobretudo