Kahlil Gibran conta que uma velha canção árabe começa assim: “Só Deus e eu mesmo podemos saber o que se passa em meu coração.” – Cartas de Amor do Profeta, p. 25. Ele mesmo reconhece que, tão importante como Deus e ele saberem do que se passava em seu coração, era a pessoa amada também saber. Mas, como a pessoa amada saberá se ele não expressar? Por isso, é fundamental que, além de sentir, a pessoa que ama também aprenda a transmitir seu amor.

Li recentemente uma linda história de amor num devocional para casais (James e Shirley Dobson, Momentos com Deus, p. 16-18) narrada por Laura Jeanne Allen, sobre como seus avós, que foram casados por mais de meio século, expressavam diariamente o que sentiam um pelo outro. “Eles escreviam a palavra ‘SHMILY’ pela casa inteira, nos lugares mais estranhos. Assim que um deles descobria a palavra, tinha de escrevê-la em outro local.”
Ela afirma que não havia limites para os lugares em que a expressão aparecia. Eles escreviam “SHMILY” em pedaços de papel e os colocava nas latas de mantimentos que se encontravam na cozinha e na dispensa. Até mesmo dentro de bolos e pudins para que o outro os encontrasse enquanto se deliciava com essas saborosas sobremesas. Eles colocavam esses pedaços de papel no painel ou no banco do carro e, às vezes, pregados com fita adesiva no volante. Também colocavam dentro dos sapatos ou embaixo dos travesseiros. Escreviam com sua própria mão nas janelas da casa que se encontravam embaçada ou no espelho do banheiro, depois que alguém tomava banho e o mesmo ficava cheio de vapor. Isso se tornou um estilo de vida no casamento deles. Havia dedicação e constância. Eles aprenderam a falar do profundo amor que sentiam um pelo outro por meio de uma linda e significativa forma de expressão diária – SHMILY.
Laura conta que eles ficavam de mãos dadas sempre que podiam. Beijavam-se quando se esbarravam na cozinha apertada. Gostavam de estar e de fazer várias coisas juntos, até mesmo palavras cruzadas. Eram gratos a Deus por terem a companhia um do outro. Várias vezes sua avó falou baixinho no seu ouvido sobre como admirava e achava seu avô um velho atraente, que parecia estar mais bonito a cada dia que passava. Então, ela concluía dizendo “que tinha sabido escolher bem.”
Apesar de toda a luz desse amor, havia uma nuvem de tristeza que insistia em pairar sobre a vida deles. Há dez anos, sua avó soube que tinha câncer no seio. Quando ele também soube, pegou em sua mão e nunca mais a soltou. Eles percorreram juntos todo esse íngreme caminho de sofrimentos físico, emocional e psicológico. Ele, por sua vez, procurava encher sua vida de amor, cuidando dela com muito carinho e afeição. Ficava ao seu lado durante horas intermináveis. Muitas vezes orava a Deus pedindo que os ajudassem. Ele chegou a pintar o quarto de um amarelo que transmitia a vida, a luz e o brilho do sol. Somente para dizer o quanto era intenso seu amor por ela. Assim, ela chegava a sentir-se a doente mais feliz do mundo.
Um dia, porém, o que todos temiam aconteceu: sua avó morreu. Então, seu avô pediu que colocassem a misteriosa palavra escrita em cor amarela nas fitas, nas coroas de flores, no caixão, em todo o funeral… E ali, pela última vez, todos os familiares se uniram em torno da amada vovó, a fim de prestarem sua última homenagem de amor e gratidão pela sua existência. Nesse momento, ele se aproximou trêmulo e abatido. Sabia que havia chegado a hora de prosseguir sozinho, respirou profundamente e com a voz embargada pelas lágrimas cantou para a mulher da sua vida, a linda canção SHMILY.
De fato eles se amaram com toda a intensidade dos seus corações, de uma forma profunda e verdadeira. E assim, ao longo de toda sua vida, juntos eles viveram S-H-M-I-L-Y, que significa: See how much I love you (Veja o quanto eu amo você).

Fonte: www.vidaadois.net