Imagino que ao se deparar com este título, você esteja curioso para compreender detalhes que possam ser esclarecedores sobre um assunto tão controvertido.

Falando francamente, você também não achava que sabia tudo sobre casamento e vida a dois? Sim, nos tempos de namoro… Quando olhava para aquele par de olhos na sua frente… Quando imaginava um casamento belo, cheio de encantos, revestido de um significado solene… como se fosse o aspecto mais importante da vida!!

Tão profundo foi esse sentimento, tão grande foi a convicção, que você decidiu deixar a segurança do lar de seus pais, a tranqüilidade de uma vida sem grandes responsabilidades e compromissos… para enfrentar os desafios de construir um lar. Mesmo sem o devido preparo, sem experiência, sem reservas financeiras, quem sabe até mesmo sem profissão. Você encarou os maiores obstáculos, superou as maiores adversidades para concretizar, aquilo que era tão claro diante dos seus olhos: a felicidade, por meio da união de duas vidas, pelo casamento.

Para concretizar os planos a dois, você abriu mão de alguns privilégios individuais, deixou sua liberdade, para dividir a vida com alguém. Abriu mão de sua autonomia para pensar a dois. Mas, isso não foi sacrifício, foi um prazer. Aliás, você não considerou esses detalhes como perda, mas como investimento. Foi crescimento, maturidade, enobrecimento.

O casamento aconteceu. Você se sentiu um vencedor! Sim, você conseguiu organizar o enxoval, comprar os móveis, um lugar para morar, organizar a cerimônia, cuidar dos detalhes da lua-de-mel,… e tudo isso, só para ter uma pessoa especial, ao seu lado, para sempre.

Agora sim… você tem a sua vida, pode decidir seu próprio destino… pois tem consigo alguém que escolheu viver ao seu lado. Alguém que lhe corresponde no amor, que lhe compreende, que lhe é solidário, alguém que pensa em você, que busca agradá-lo. Alguém em quem sua mente se demora contemplando. Alguém que mexe tanto com o seu coração, a ponto de fazer de você um poeta.

É tudo o que você sempre sonhou! E o sonho verdadeiramente se tornou realidade!

Apesar das lutas e dificuldades enfrentadas, a vida era bela e cheia de encantos. Os problemas estavam só do lado de fora: no trabalho, nas circunstâncias externas, mas lá dentro muita compreensão, muito carinho, um relacionamento quase perfeito!!

O tempo passou!… Hoje… bem, hoje as coisas estão um pouco diferentes. A vida nos ensinou coisas … os filhos chegaram … as responsabilidades aumentaram … muito trabalho … novas amizades… preferências pessoais…

O que aconteceu? Será que o tempo fez desbotar o sonho? Onde está toda aquela alegria de estarem juntos? E o amor, tão forte e empolgante, que os movia com disposição e energia, para onde foi? Onde estão aquelas declarações de amor, aquelas atitudes carinhosas e expressões de afeto? E aquele sentimento de ser de alguém, de ter alguém … Será quê …?!..

Parece que o princípio da entropia, lei da física, está atuando nas relações humanas também. A segunda lei, da termodinâmica, expressa um “irreversível avanço para a desordem cada vez maior, um desgaste para a desintegração até a decomposição dos sistemas, à medida que o tempo passa.” Será que o princípio da entropia está também valendo para os relacionamentos afetivos?

Murphy, em suas leis, diz que “se alguma coisa tem a mais remota possibilidade de dar errado, então dará.”  Essa lei deveria valer na vida a dois? Parece verdade! Hoje só cobramos um do outro,… exigimos, impomos. Sofremos e fazemos sofrer. Cada um acalenta seus sonhos pessoais, vive em função de si… Chegamos ao ponto de negar aqueles planos e ideais que estabelecemos no início. Mas,… fazer o quê?

Hoje cada um vive a sua vida, cada um corre atrás dos seus interesses, cuida de suas responsabilidades. Surgiram aspectos que desconhecíamos e jamais tínhamos pretendido,… vieram as cobranças, a necessidade de se proteger do outro… parece que somos inimigos!

E agora? Bem, agora aqueles conceitos originais parecem obsoletos, inviáveis. Aquela expectativa de felicidade ficou tão distante, que nos contentamos em ter alguns momentos alegres que, por sinal, se tornam cada vez mais escassos.

Agora simplesmente nos suportamos. Parece que voltar para casa ao final do dia ficou mais difícil, os atritos aumentaram, as mágoas são maiores… Às vezes, até parece que erramos na escolha… que faz pouco sentido continuar.

Afinal de contas, onde está aquela felicidade líquida e certa que nos levou ao altar? Será que ela existe? Consigo chegar lá? Tenho medo de acreditar e me machucar! Será que há algo que se possa fazer? Tudo parece perdido! Será que foi mera ilusão? O amor existe?

Será que isso pode ser mudado?

Chega!! Chega de farsa, de faz de conta… chega de manter as aparências…

Então começamos a pensar…O que fazer? Separação? Como ficariam os filhos? E o patrimônio, teria que ser dividido? Como seria a vida depois? … Não, não! Não é isso que eu quero! Será que temos alguma chance de dar certo? Vale a pena tentar novamente? … … …  Não quero morrer desse jeito, eu quero ser feliz, tenho o direito de pensar em mim!!

Como responder a tantas interrogações? Há algo que ainda pode ser feito? Há alguém que pode nos ajudar? Quem entende de casamento?

Existem duas correntes a serem consideradas, mas elas não são excludentes.

A primeira nos conduz para a busca de orientação e apoio de especialistas em relacionamento: psicoterapeutas, conselheiros, terapeutas de família, educadores, pesquisa e estudo da literatura…..caminhos que muitas vezes não estão abertos a todos.

A segunda corrente nos conduz para Aquele que estabeleceu o casamento, e que mais entende do ser humano, Aquele que deixou o maior cabedal de princípios, conselhos e instruções para facilitar os relacionamentos e garantir a harmonia familiar. Sim, é isso mesmo, é a Deus que estou me referindo. As pessoas que ignoram os critérios para o relacionamento humano e familiar que Ele expôs em Sua Palavra, estão fadadas ao sofrimento e dor. Porém, os que buscam os Seus conselhos, certamente experimentarão uma renovação de suas vidas.

Deus pode usar tanto o ensino e a instrução, pura e simplesmente, conforme estão expressos na Palavra Bíblica, quanto os meios desenvolvidos por intermédio da ciência, para fazer-Se entender ao coração secularizado, isso se o humano der espaço à atuação divina.

Então, o que é preciso fazer para que essas informações, conselhos e sugestões possam ser incorporadas em nosso viver? Como podem atuar em nossa conduta de forma a devolver a graça, o significado e o sentido do viver a dois? Já tentamos mil maneiras, mas as estratégias logo ficam no esquecimento! Existe alguma fórmula eficiente?

Primeiro, estamos seguros do que realmente queremos e buscamos para a nossa vida, para o nosso relacionamento? Queremos mudanças? Que tipo de mudanças? A que nível de proximidade pretendemos chegar?

Precisamos entender que não existe uma receita milagrosa. É necessário o querer e muito investimento. Temos que tomar decisões, estabelecer prioridades… enfim, tudo aquilo que uma grande empresa faz quando se determina a ampliar seus serviços para alcançar os resultados esperados: levantamento de dados, busca de consultoria, reuniões de planejamento, levantamento de hipóteses, determinação de objetivos, definição de metas, estabelecimento de estratégias, definição de papéis, treinamentos, estímulos motivacionais e de recompensa, técnicas de avaliação, etc. Todos esses cuidados  são essenciais à sobrevivência da empresa. Não basta um discurso inflamado do administrador e nem mera boa vontade da equipe. Para que os resultados aconteçam, é indispensável o comprometimento e responsabilidade de todos: garra, dedicação, humildade, união, persistência, mesmo quando ainda não se percebe os resultados.

Então, você está disposto a empreender? Veja bem, os resultados que devemos buscar não são uns medíocres tostões, valores materiais, fúteis e finitos. Devemos ir em busca de resgate do ser humano, dos valores que o compõe, da dignidade de vida, da realização afetiva,… vamos construir a felicidade!!!

Qual é o preço desse investimento? É viável? Será que alguém já chegou lá?

Quanto aos custos é importante destacar dois aspectos:

  • Primeiro: desistir é desistir da vida, é sentir-se um perdedor. Não há espaço em sua vida para esse tipo de sentimentos e sensações. Você é um lutador, um vencedor! Você não iniciou essa jornada para desistir no meio do caminho, para jogar fora as suas esperanças…
  • Segundo: empreender na felicidade de alguém, cultivar o amor requer que você abandone apenas aqueles aspectos da vida que entram no seu crescimento pessoal, que o prendem a detalhes medíocres, que aumentam a sua rudeza, que geram rugas, amargura e apatia. Investir no outro traz a sensação de completude, de realização, de alegria, satisfação que, circunstância alguma jamais poderá roubá-la de seu coração.

Estando convicto da importância e validade de investir no amor, tenho a certeza de que todas as suas energias estarão mobilizadas para alcançar seus objetivos. Cada aspecto à sua volta será mais um estímulo para concentrar seus esforços, cada leitura lhe trará mais motivação e incentivo enfim, suas oportunidades de construir a felicidade, a partir da Vida a Dois se multiplicarão e então, a vida passará a ter outro sabor.

Seja feliz em sua busca da Vida a Dois!

 

Caso lhe pareça interessante utilizar algumas estratégias práticas para favorecer a restauração de seus motivos, faça uma breve reflexão:

Identifique os aspectos mais importantes que você gostaria de cultivar. Compartilhe esse assunto com seu cônjuge e, juntos, tentem esboçar o resultado desse diálogo. Talvez a recapitulação daquelas conversas dos tempos de namoro … a lembrança das promessas feitas nos primeiros meses do casamento…. ajude seu cônjuge  a reviver a animação e o encanto do amor. Escreva num papel esses pontos e compartilhe com seu cônjuge.

 

Jaime Wolf

Psicólogo

Terapeuta Familiar