Dizer que é apenas o prazer que move uma relação homossexual, poderia parecer simplista demais. Mas não há dúvidas de que ele desempenha um papel importante nesse tipo de relação. E, então, se o prazer é algo tão agradável, como Deus poderia ser contra o prazer homossexual (pelo menos para aqueles que sentem prazer nesse tipo de relação)? Alguns, sem condição de contestar o claro ensino da Bíblia sobre o assunto, simplesmente assumem que, se Deus existe, Ele deve ser contra o prazer! De outro modo, por que então o proibiria?

Mas Deus nunca disse que é pecado ter prazer (aliás, Ele é o criador do prazer). A Bíblia, no entanto, diz que não é o prazer, e sim outra coisa que deveria se tornar em objeto supremo de busca: “Buscai pois em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e todas as outras coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33). Quando a pessoa coloca o próprio prazer acima de todas as outras coisas, inclusive acima de Deus e de Sua Palavra, a Bíblia, além de ferir a si mesma e aos outros, vai estar negando o primeiro e o segundo mandamentos (“Não terás outros deuses diante de Mim. Não farás para ti imagem [idolatria]… Não as adorarás…” (Ex 20:3, 4).

Então, iludida pelas sensações agradáveis, essa pessoa passa a ser escrava do  prazer. Deus, no livro dos Provérbios, descreve esse processo quando diz que “aos loucos, a sua impressão de bem estar [prazer] os leva à perdição. Mas o que Me der ouvidos habitará seguro, tranquilo e sem temor do mal” (Pv 1:32, 33). O prazer pode se tornar em um deus ou em um ídolo, que, então, é fielmente adorado e seguido com um fervor religioso tal que exclui o verdadeiro Deus do lugar em que deveria estar. Remove o Criador do trono e toma posse de Seu assento, dali regendo toda a vida. Tudo tende a subordinar-se ao deus-prazer, e é somente ele quem vai determinar se uma ação é boa, saudável, moral ou eticamente aceitável. Esse é o mais puro hedonismo. (Se você quiser ler um pouco mais sobre este assunto de Deus, prazer e homossexualidade, recomendo o livro Limites do Prazer, da Casa Publicadora Brasileira.) 

Definitivamente, Deus não é contra o prazer. No entanto, a Bíblia ensina que, para não produzir dor mais adiante, todo prazer precisa estar subordinado à vontade de Deus. Se o prazer for escolhido como único critério para as ações, pode ser extremamente enganador, a ponto de matar. Quem fuma ou bebe por prazer, sabe (ou saberá, mais cedo ou mais tarde) o quanto isso é verdade. Algumas pessoas chegam ao ponto de desenvolver prazer pela dor, enquanto outras encontram gratificação na morte. São traídas pelo prazer porque dão mais valor para os próprios sentidos do que para Deus e a Bíblia. Por isso passaram a apreciar aquilo que não é bom, nem para elas nem para os outros.

Lembro-me muito bem de que quando fui pastor na Zona Sul de São Paulo (segundo as estatísticas, uma das regiões mais perigosas do mundo), um membro da igreja me contou que antes de conhecer Jesus sentia verdadeiro prazer em matar, o que fazia regularmente. Segundo ele, quando passava um mês sem matar alguém, era tomado de tal maneira por uma síndrome de abstinência, que “sentia até a mão tremer, e então precisava sair e encontrar a alguém para matar”. O mesmo tipo de  prazer enganoso e prejudicial também pode ocorrer no plano sexual. Você já deve ter ouvido falar de pessoas que, de alguma maneira, acabam educando o cérebro a apenas sentir prazer sexual quando o tem associado à dor (própria ou de outra pessoa) ou a algum tipo de transgressão. Os sentidos chegam a tal confusão que a pessoa, em busca do prazer, passa a não se importar mais com as consequências. É o prazer que enlouqueceu!

A Bíblia ensina que existem caminhos que para o homem podem ser bons, a princípio (pelo menos para sua percepção), mas que no seu fim podem dar em caminhos de morte. Por isso, o prazer, por si só, não pode ser o principal critério para que você decida que tipo de gratificação seria apropriada, seja ela sexual ou não. A pergunta que cada um de tem que fazer, antes de tomar uma decisão sobre qualquer assunto, não é se isso vai produzir prazer, ou se vai ser agradável, mas se com essa atitude estarei glorificando a Deus e cumprindo o Seu propósito divino para a vida. Foi por isso que Paulo disse que tudo que fizermos – inclusive nossa vida sexual – deve ser feito para a glória de Deus. Será que a homossexualidade poderia glorificar a Deus de alguma maneira, ou estar dentro dos Seus propósitos? No próximo texto, gostaria de continuar a falar sobre este assunto. Até lá!

Marcos Bomfim