Thomas à Kempis ao falar sobre a imprevisibilidade da existência humana, nos faz uma inteligente advertência ao refletir no seguinte: “Quando começa a manhã, pense que você poderá não chegar à noite. E quando é noite, não ouse prometer-se à manhã. Sempre, portanto, esteja preparado e viva de tal maneira que a morte nunca o possa levar despreparado, pois muitos morrem de repente. Quando aquela última hora chegar, você terá uma opinião muito diferente de toda sua vida passada e se arrependerá de ter sido tão descuidado e negligente.” – A Imitação de Cristo, p. 49.

Por sua vez, Elisabeth Kübler-Ross e David Kessler nos contam uma comovente história que elucida a veracidade da ponderação existencial de Thomas à Kempis:

“Uma mulher de quarenta e um anos recordou uma noite rotineira que ela e o marido tinham passado vários meses antes. Fizeram uma refeição simples e assistiram à televisão. Pouco depois, ele comentou que estava enjoado, tomou um antiácido e disse que ia dormir cedo. Ela despediu-se do marido com um beijo, desejando que ele melhorasse. Uma hora e meia mais tarde, quando a mulher foi para a cama, o marido dormia profundamente.

Assim que acordou no dia seguinte, ela percebeu que algo estava errado. ‘Pude sentir. Olhei para Kevin e soube que ele estava morto. ’ Aos quarenta e quatro anos de idade, seu marido teve um ataque do coração enquanto dormia.

Ela diz que essa dolorosa experiência lhe ensinou que é preciso investir com mais cuidado nos relacionamentos, nas pessoas ou no tempo. ‘Depois que Kevin morreu, examinei a nossa vida em retrospecto e vi tudo de uma maneira diferente. Aquele foi o nosso último beijo, nossa última refeição, nossas últimas férias, nosso último abraço e nossa última risada juntos. Compreendi que haverá últimos dias em todos os relacionamentos. Daqui para frente quero estar mais plenamente presente nos acontecimentos e junto às pessoas. Kevin foi uma dádiva que pude conservar por algum tempo, e isso se aplica a todas as pessoas que eu conheço. O fato de ter essa consciência faz com que eu queira usufruir ainda mais cada experiência e as pessoas que eu amo.’ “ – Os Segredos da Vida, p. 36.

ShaKespeare disse: “Viver é conviver. Viver é amar.”

Existem pessoas que não atentam para essa realidade, e assim, não procuram amar mais e viver melhor dentro de seu lar. Homens e mulheres que, devido à sua insatisfação, consciência culpada ou preocupações da vida pós-moderna, se transformam em verdadeiras sombras ansiosas e desprovidas de amor no relacionamento com o seu cônjuge e seus filhos. A conclusão que se pode chegar é que desistiram de ser felizes porque não valorizam devidamente a vida que têm. Não têm tempo para amar porque vivem aborrecidos, cansados ou preocupados demais. Talvez, por isto, alguém tenha dito que “muitas pessoas existiram, mas na realidade nunca viveram”.

Roberto Shinyashiki conta que quando era médico recém-formado, trabalhou num hospital de doentes terminais, onde ocorriam várias mortes durante o dia. Então, ele afirma: -“A maioria das pessoas morre frustrada por não haver aproveitado sua vida. Elas passaram o tempo todo lutando pelas coisas erradas…” – Revista Você S/A, Ano 1, Número 6, p. 75.

Você nunca verá alguém morrer se lamentando porque amou e se dedicou a seu Deus, sua família e sua saúde de uma forma intensa e prazerosa. Você também nunca verá alguém se lamentando num funeral porque amou e expressou muitas vezes o que sentia por uma pessoa da família que está descendo à sepultura.

– “Ah! Como eu amei essa mulher!”. Era o brado angustiante daquele homem de setenta e cinco anos de idade que acabara de perder sua amada esposa. Ele chorava muito e batendo no seu peito exclamava muitas vezes: – “Ah! Como eu amei essa mulher!”.

A cerimônia fúnebre foi interrompida várias vezes por causa da forma tão apaixonada e desesperada do viúvo expressar seu grande amor. Por sua vez, os parentes e os amigos tentavam consolá-lo, mas não adiantava, o pobre velhinho continuava gritando: – “Ah! Como eu amei essa mulher!”.

Depois que o caixão desceu à cova e os familiares jogaram um pouco de terra e foram se retirando pouco a pouco, o marido enlutado, gemendo, ali permanecia com o olhar fixo na areia que cobria a vida de uma mulher que ele amou tanto. Nesse momento, o padre se aproximou e o abraçando disse-lhe: – “Pude ver toda sua expressão de amor por ela. Tenho certeza que dona Célia morreu feliz por saber que era tão amada pelo homem de sua vida”. Então, olhando para o padre, o viúvo inconsolado respondeu: – “Padre, ela não sabia… uma vez quase disse o quanto a amava!”.

Fonte: www.vidaadois.net