“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida…” (Cl 2:16 – primeira parte).

As palavras gregas usadas aqui, brósis e pósis[i], se referem mais à maneira de comer e beber que ao que se bebe e se come.

Há várias interpretações quanto ao significado desta frase. Alguns sugerem que se refere a alimentos e libações apresentados como parte do sistema cerimonial judaico. Outros, notando o contexto da epístola, pensam que tem que ver com instruções ou proibições ensinadas pelos falsos mestres, judaizantes ou gnósticos.

Alguns, equivocadamente, têm chegado à conclusão de que esta afirmação de Paulo indica a abolição da distinção entre carnes imundas e limpas (Lv 11), pelo qual um cristão estaria livre para comer qualquer carne. Que Paulo não disse tal coisa se pode ver pelo seguinte:

 

  • Esta passagem nem sequer menciona o tema de alimentos limpos e imundos. Se bem que se fala de não tocar, não provar (v. 21), não há menção alguma de carnes imundas.
  • A distinção entre carnes limpas e imundas (Lv 11) não é parte da lei mosaica. Ela aparece em Gn 7: 2. Sem bem que as razões da proibição de comer certas carnes não são claramente dadas, sabemos que a complacência do apetite quando se comem alimentos impuros frustra os perfeitos desígnios do Criador. O apóstolo não estava autorizando aos cristãos de Colossos a comer e a beber todo tipo de alimento, sem descriminação. O que lhes disse é que não prestem atenção a quem os critica por não cumprir com regulamentos humanos – que já eram de origem judia, gnóstica ou pagã – que o cristão não necessita observar.

 

[i] Comentário Bíblico Adventista do 7o Dia, vol. 7 Fundamentos de La Esperanza