Definir o termo espiritualidade em pleno século 21 é uma tarefa complicada devido à influência de conceitos orientais que, atualmente, se misturam com ideias da Nova Era e que resultam em definições muito distantes daquilo que a Bíblia diz sobre seu significado.

Hoje em dia, uma quantidade significativa de famílias sente que perdeu de vista o significado do termo e também sua prática. O resultado é pouco encorajador, porque as está levando a perder o foco de suas prioridades relacionais com Deus, no plano vertical, e com seu entorno familiar, no horizontal.

Definindo a espiritualidade

Muitos autores definem a espiritualidade como algo etéreo, místico ou mesmo, da perspectiva da psicologia da religião, um conceito com raízes cognitivo-comportamentais.

Para alguns, é uma expressão popular e mais profunda que a religião, visto ser mais relevante, pessoal e muito mais universal. Para outros, não é apenas uma parte da vida, mas é a própria vida. Vida que veio dotada de espiritualidade e que, devido à sua condição de totalidade, não pode ser separada de sua corporeidade.

Um autor cristão contemporâneo menciona que a espiritualidade é o resultado da obra interior do Espírito Santo. Quando isso acontece, nossas ações, planos e intenções são tingidos pelo amor, pela esperança e pela fé em um Deus triúno.

Ellen G. White diz que a espiritualidade é o resultado de um encontro dramático entre Deus e o homem, que resulta em santidade, dignidade e esperança, entre outras coisas.

Para aqueles de nós que escolhem uma perspectiva bíblica, descobrimos que a espiritualidade se torna a busca constante e sentida do homem em direção a Deus. Uma espécie de sede interior que só é satisfeita em Sua presença, e que ecoa em um Deus que também busca Se relacionar com Seus filhos.

Descobertas

É interessante destacar que a psicologia moderna descobriu que a espiritualidade é, atualmente, a aliada número um para superar os efeitos pós-traumáticos de intervenções cirúrgicas e também em diferentes condições da saúde integral das pessoas. Por outro lado, a ciência médica aceita a realidade do surgimento de vários estudos de campo que destacam os efeitos altamente terapêuticos da fé em pacientes com diagnóstico reservado.

Em parágrafos anteriores, dissemos que o desvanecimento do termo espiritualidade tem minado os fundamentos do lar. Ao mesmo tempo, coloca em xeque os valores familiares e também algumas de suas tradições. Um exemplo claro dessa realidade é o desaparecimento sutil e paulatino das tradições espirituais nos lares, como sentar-se juntos à mesa e orar agradecendo e pedindo a bênção; o culto familiar matutino e o vespertino; o jejum; as noites de vigília e a frequência da família na igreja, entre outras.

Onde ficaram estes valores familiares espirituais? Para onde foram? Ou talvez, em que processo de desgaste elas se encontram? Foram propostas formas inovadoras e atuais que as tornem atraentes sem perder sua essência original? Por que elas perderam sua força em pleno século 21? Essas são perguntas que devem ser respondidas nos lares, e não nas instâncias superiores administrativas ou teológicas. O motivo é porque elas provêm do lar, uma instituição criada por Deus que as transforma em uma fonte adequada de informações.

Se, ao ler este artigo, você começa a avaliar o que pode estar acontecendo em sua família, é bom considerar o que diversos estudos de campo mostram sobre a relação positiva que existe entre a espiritualidade e seus efeitos no bem-estar psicológico, na realização pessoal, na satisfação conjugal, na identidade interior, na alegria de viver, etc.. São ferramentas com as quais é possível enfrentar os desafios próprios da vida.

Mais descobertas

Atualmente, os especialistas em ciências da família observam detalhadamente o alto impacto que a espiritualidade exerce nos contextos social, familiar e laboral. Visto que o sistema doméstico afeta a si mesmo positiva ou negativamente, consideremos alguns benefícios que proporcionam altos níveis de espiritualidade em nossa casa. Um dos mais importantes é que fornece apoio familiar, visto que:

Provê uma cálida cobertura para proteção individual e familiar contra o efeito corrosivo do individualismo atual.

Acelera os processos de fortalecimento das redes intrafamiliares.

É uma fonte constante de sustento e apoio ao enfrentar os momentos imprevisíveis de mudança em cada etapa familiar.

Por outro lado, satisfaz necessidades sentidas da pessoa, como:

• A necessidade de encontrar sentido na vida.

• A necessidade de esperança ou de vontade de viver.

• A necessidade de crer, de ter fé em si mesmo, nos outros e, acima de tudo, em Deus.

• A espiritualidade é uma espécie de intercomunicador entre o ambiente interior e o mundo exterior de cada pessoa, dando coerência a seus motivos e atos.

• É o centro do lar, um lugar onde os ensinamentos da fé, as crenças e a devoção a Deus se tornam reais.

• O impacto da espiritualidade sobre o casal é fundamental, pois uma fé baseada em crenças espirituais torna as relações conjugais mais próximas e mais significativas.

• É fonte constante e natural de desenvolvimento harmonioso do caráter da pessoa.

Benefícios de um relacionamento significativo com Deus

Quando cultivamos diariamente um relacionamento significativo com Deus, os benefícios desse relacionamento e o ato de priorizá-lo aparecem sutilmente. E constroem o fundamento ético e moral que guia a família. Esse relacionamento transmite fé e esperança a nossos filhos, ensinando-os a confiar em Deus. Produz unidade familiar através de tradições familiares espirituais que serão lembradas mesmo quando algum de seus membros não estiver mais em casa. Finalmente, seus membros aprendem a recorrer a Deus quando surgem as crises.

Faça da espiritualidade uma prioridade em seu lar. Que a manifestação externa dela seja a revisão, a atualização e a prática de tradições familiares espirituais esquecidas em casa. Dê-lhe um novo toque, sem perder sua identidade original e seu sabor de vida. E faça uma realidade palpável em seu lar as palavras do profeta:

“Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te”.