O Câncer do colo do útero é uma infecção causada pelo Papilomavírus Humano – HPV. A infecção genital causada pelo papiloma virus é frequente em muitas mulheres e na maioria das vezes não causa a doença. Entretanto, existem alguns casos onde ocorrem alterações celulares e nesse caso sim pode evoluir para o câncer.[1]

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, são aproximadamente 530 mil casos novos por ano no mundo, é o câncer responsável por 265 mil óbitos por ano, sendo a quarta causa mais frequente de morte por câncer em mulheres. A taxa de mortalidade ainda é alta, porque é uma doença muito silenciosa e os sintomas só aparecem quando a doença está em um estágio avançado, o que torna o tratamento mais difícil, mas não impossível de obter a cura.[2]

São muitas as mulheres que lutam diariamente contra essa doença. Você vai conhecer agora a história de uma dessas mulheres que recebeu o diagnóstico, lutou contra a doença e obteve a cura.

 

Minha luta contra o câncer do colo do útero

O seguinte relato é da Maria da Conceição Ferreira de Souza, 48 anos.

 

Como descobri a doença

O ano era 2011, estava terminando o mês de abril e fiz o exame preventivo, o famoso papanicolau. Sempre fiz meus exames regularmente, mas deixei de fazer no ano de 2010. Quando terminou de coletar a amostra, a enfermeira disse que eu deveria conversar com a ginecologista, desde esse momento percebi que algo estava mal.

Conversei com a ginecologista, a partir daquele momento meu acompanhamento seria feito pelo CECON (Centro de Controle Oncólogico) e ela iria mandar o material coletado para uma biópsia. Dois dias depois, recebi o resultado. Eu não entendia muito bem o que estava escrito naquele papel, resolvi pesquisar no google e as buscas não eram favoráveis. Será que eu realmente tenho câncer? Pensei.

Perdi o chão. Mais decidi me tranquilizar e esperar a consulta onde apresentaria os resultados da biópsia. Resolvi não contar nada a ninguém até conversar com a oncologista.

Chegou o dia da consulta, a médica me recebeu com um sorriso e perguntou como eu estava. Entreguei o resultado e quando ela abriu o papel, seu semblante mudou. Nesse momento tive a certeza do diagnóstico. Ela não quis dizer naquele momento, talvez porque eu estava desacompanhada. Me disse que minha próxima consulta seria em outro hospital, mas não aguentei e disse: – Eu sei o que é.

Ela me olhou surpresa. Começamos a conversar, ela me acalmou, disse que eu não deveria me preocupar porque estava em um estágio inicial e que muitas pessoas já tinham vencido esse tipo de câncer.

Eu não conhecia muito sobre o câncer do colo do útero. Afinal, nunca imaginamos que vai acontecer com a gente. Mesmo muito abalada, não senti medo de morrer, o tratamento era o meu maior temor. Sempre confiei em Deus e percebi que esse não era o momento para desanimar. Resolvi ser forte e lutar.

 

O tratamento

Comecei o tratamento no hospital do câncer da minha cidade. Primeiramente foram 28 sessões de radioterapia de segunda a sexta-feira. Depois fiz 06 sessões de quimioterapia e ainda me faltava a última parte do tratamento, a braquiterapia que teria que ser feita fora do meu domicílio.

A braquiterapia é uma radioterapia interna, onde se insere um material radioativo dentro do tumor. Foram necessárias 04 sessões, para isso passei cerca de 30 dias na cidade de Barretos. Todo o meu tratamento foi custeado pelo SUS(Sistema Único de Saúde) e sou muito grata a Deus por esse auxílio.

Não foram dias fáceis, senti muitos efeitos colaterais. Me sentia fraca, sem apetite, enjoava muito e quase sempre esses enjôos eram seguidos de vômitos. Apesar da falta de apetite, eu buscava me alimentar de forma saudável e desde então mudei meus hábitos alimentares.

Certamente, minha confiança em Deus, a esperança de que eu alcançaria a cura e o apoio da minha familia e amigos fizeram a diferença no meu tratamento. Agradeço muito a Deus porque não fiquei desamparada. No entanto, algo me marcou bastante.

Minha mãe ficou muito doente, estava internada no mesmo hospital em que eu fazia as radioterapias e quimioterapias e eu não pude acompanhá-la porque minha imunidade estava baixa. Ela ficou internada por varios dias, tive a oportunidade de vê-la somente uma vez quando ela pôde sair com cadeira de rodas, já estava bem debilitada e não falava. Infelizmente, logo depois veio a falecer. Isso me doeu muito, eu me sentia culpada de estar doente no momento em que ela mais precisava de mim.

 

A Cura

Terminei todo o tratamento no final de 2011 e em 2012 comecei a fazer acompanhamento a cada 3 meses para estar segura de que o câncer realmente não havia retornado. Depois de um tempo, a cada 6 meses. E no ano pasado, em 2017, recebi alta. Saber que eu estava curada foi uma felicidade muito grande, foi como receber um presente de Deus. Senti que Ele estava me dando uma nova chance. Hoje eu estou muito bem e todos os dias agradeço a Deus por estar viva.

Sei que existem hoje muitas pessoas pasando pelo que eu passei. Sei que não é fácil, mais é preciso primeiramente confiar em Deus, confiar nos médicos, ter hábitos mais saudáveis e não desistir de lutar. Até nos momentos mais difíceis, Deus tem algo para nos ensinar. Depois de vencer o câncer de colo do útero aprendi a valorizar ainda mais a vida, aproveitar cada dia e a não reclamar de nada.

 

 

Referências

1. http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/colo_utero – Acessado em Outubro de 2018
2.http://www2.inca.gov.br/programa_nacional_controle_cancer_colo_utero/conceito_magnitude – Acessado em Outubro de 2018